AURORA
“Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor.
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
(a alvorada)”...
Cartola
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Bom dia! O amanhecer é lindo, sim. Aqui e em qualquer lugar. Exceto quando a afobação nem nos permite percebê-lo. Hoje, mesmo quando não tenho absolutamente nada para fazer durante todo o dia, o que não é raro, me levanto ainda antes das últimas voltinhas da terra perante o sol, quando ela está prestes a descortiná-lo e assim dá gosto.
Acostumado ao batente desde muito jovem, fui cedo forçado a conviver com a mudança que se opera quando termina a escuridão da noite e irrompe aquele claro sem medida.
Lindo nem sempre, se o olharmos com os olhos das obrigações e preocupações com as lidas da vida, mas lindo pelo acesso soberbo e indiferente a tudo. Para mim é como presenciar ao vivo em com todas as cores, uma mudança de estação. Não me satisfaz abrir os olhos e ver pela janela do quarto que o dia já é dia sem ter admirado como testemunha o seu nascimento. Gosto de começar junto com ele. Observando o branqueamento infalível da noite vencida sem necessidade de luta ou qualquer outra contestação da natureza. Estrelas e lua sendo tragadas, num deslize do tempo, pela imensidão da aurora. Ainda mais quando ela vem aparecendo dominadora e imponente com aquele gigantesco sol dourado atrás de uma montanha. Bom dia!