Faz-de-conta
...mesmo assim, ainda às vezes sorrio -
finge meu rosto
o que minha alma não sente -
apática, indiferente,
apenas consente
este desvio de conduta,
nem sei se por ser tola
ou se, por ser astuta...
com o cinzel da tristeza
extrai a arte da pedra bruta,
toca um réquiem
ao coração enlutado
enquanto, trêmula e vacilante,
caminha na corda-bamba
com ares de rainha
em seu vestido de cetim
e sapatilhas de bailarina,
brincando de faz-de-conta
desde a aurora até o anoitecer.
Eis minha alma artista que busca
a melhor performance
no teatro do bem-viver.