__PAI AUSENTE__
        As lembranças são tão poucas como fraguementos
        de algum momento bom.
        As perguntas são tantas como as dúvidas que calam
        no silêncio das minhas indagações.
        Busco dentro de mim algo bom e encontro um espaço
        obscuro.
        Tento ainda compreender a ausência presente dos mo-
        mentos que nunca se concretizaram.
        Releio velhas cartas e não encontro acalento.
        A dor da ausência persiste e não mais busco respostas.
        Talvez eu jamais compreenda as fraquezas do seu ser,
        talvez eu ainda espere o abraço que nunca houve.
        Não restou nem uma lápide fria para meu pranto
        encontrar aconchego.
        Tão pouco há algum lugar para que possamos recome-
        çar.
        Suas escolhas foram minha ruína, assim como minha
        coragem em prosseguir quando nada mais importava.
        A dor persiste silenciosa corroendo sentimentos silen-
        ciados abruptamente.
        Um dia eu tive medo da morte, mas ela é apenas o re-
        torno para casa.
        Um dia o culpei por seus desatinos, o condenei pela vi-
        da que poderiamos ter tido e a qual você desistiu.
        Hoje eu sinto apenas este vazio de algo bom que não
        se cumpriu.
        E não há uma data que me faça sentir sua ausência,
        todos os dias havera esta página em branco deixada
        ao vento.
        Havera a inquietude do meu ser convivendo com a
        negligência da fraqueza humana.
        Em alguns momentos hei de chorar, em outros me ca-
        lar e em muitos outros viver com esta marca em minha
        alma.
                         _CamomillaHassan_
        
       
CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 09/08/2009
Código do texto: T1744277
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