Encontro
Foi num dia aparentemente comum, ele acordou cedo, tomou seu café bem forte, não sentia fome, mas por costume comeu seu meio pão com margarina, assistiu atentamente o noticiário matinal, e fez o de sempre, pensou nela, na moça que de uma maneira inesperada invadia todos seus pensamentos fazia de sua vida mais empolgante e prazerosa. No trabalho, não conseguiu se concentrar, ainda sentia o gosto de seu beijo, era só fechar os olhos para recordar daquele momento que ocorrera há semanas, e ainda não havia a reencontrado, apenas mantinha contato por cartas. Cartas essas tão provocantes, verdadeiras declarações de amor, de paixão, de cumplicidade, que falavam sobre tudo, sobre o dia, sobre os problemas, os sonhos e os desejos, tinham muito em comum. Em pouco sabiam que compartilhavam um sentimento forte, único, verdadeiro e tristemente proibido, impossível. Mas nesse dia os ventos sopraram diferentes, naquela tarde resolveu ir ao lugar onde haviam se encontrado pela última vez, numa tentativa de reviver o melhor de sua vida. Engraçado como a vida pode surpreender, ela também estava lá, foi um (re) encontro perfeito, alguns segundos se permitiram, ainda não acreditando, ela olhava “meio assim” pra ele, que só sabia sorrir, aquilo já bastaria, já teriam ganhado o dia, quando em um impulso se abraçaram forte, se apertaram pra ver se era real, e sem dizer nenhuma palavra, seus lábios começaram a ficar mais próximos, o lugar era movimentado, mas eles se sentiam a sós, o mundo poderia acabar que eles não sairiam desse transe, se olhavam no ritmo de uma música, nunca perdendo a sintonia tão marcante nessa história. “Saudades” “Te quero”, “minha vida”, são algumas das frases que foram pronunciadas nesse momento, foi quando ele com a boca parada, permitiu que ela morde-se seus lábios, depois beijando, e acariciando. Essa tarde foi perfeita, pois enquanto estavam juntos se sentiram fortes pra enfrentar tudo e todos, fizeram planos, e pensaram muito em fugir pra poderem ficar juntos. No final, ela com os olhos lacrimejando, perguntou por que isso tudo estava acontecendo, um sentimento tão lindo se perdendo nos compromissos e nos impedimentos que tinham, mas ele segurou sua mão e disse que tudo acabaria bem, “que todo relacionamento que temos é o que precisamos no momento”, e que eles eram livres pra viver essa “vida”. E o trem chegou na estação.
Depois desta tarde nunca mais foram vistos, provavelmente fugiram pra outro lugar, um lugar só deles, onde não seriam julgados e nem odiados, poderiam pensar, ter saudades, desejos, mas no final de cada dia teriam um ao outro pra viver todas as aventuras do cotidiano, que cada pequeno detalhe, por mais simples, seja uma verdadeira prova de amor. Se o final dessa história foi feliz eu não sei, pois ainda está acontecendo...