Devaneios na Madrugada

Cá estou – acordada

A noite tão cheia de nada

Que dá pra tocar o ar

Correria nua na rua,

Se tivesse alguém pra olhar

Sabia que à noite sempre faz frio?

Um frio que só eu sinto

Acredite: sozinha eu não minto!

A cidade que sempre dorme

E que sono pesado ela tem!

Será que dorme com alguém?

A noite é sempre tão linda

A lua muda de cor

Branco, azul e cinza

O sol demora à nascer

E eu até poderia ver

Mas não quero nada sozinha

Talvez algo da cozinha

Nem meu estômago sabe dormir!

Mente e alma já cansada

Descalça e descabelada

Um café é o que me resta

Será que o leite ainda presta?

Aqueço, esfrio e espio pela fresta,

Aqui, onde tudo é nada

Todas as Janelas estão fechadas

Como olhos e bocas

Na madrugada

As coisas tem sons

As pessoas não

Será que elas sonham em vão?

Será que se tocam enquanto dormem?

Será que um dia vão acordar?

A lua é calada – O sol é gritante

Parece que o sono vai vir num instante

Ou num futuro remoto e distante

Ainda há algo vibrante em mim

Nessa maldita madrugada sem fim

Pra onde foi todo o mundo?

Para um buraco bem fundo!

Ninguém me apagou a luz

Mas o escuro se fez

Presente