Máscara
Era mais fácil, ela sabia.
Mais fácil fingir que as lágrimas que escorriam dos seus olhos eram de alegria, e não de dor.
Mais fácil abraçar a ideia de que tudo estava bem, de que tudo ia dar certo, quando na verdade ela sentia que era apenas o começo, o começo do fim.
Mais fácil, incrivelmente mais fácil dizer-se preparada para o que vier, sabendo que no fundo, temia que cada passo dado fosse a forma mais simples de se chegar a menor distância para o precipício.
Mais fácil ainda, escrever em terceira pessoa. Criar personagens e dar vida a eles, como se todos os problemas fossem desaparecer com isso. Mas de fato, ela acreditava que sim. Parcialmente eles desapareciam, e ela só precisava disso: Algum tempo tentando descobrir quem ela realmente era, o que realmente sentia e transferir isso pra um outro alguém, imaginário. Só assim ela poderia analisar e enxergar realmente as coisas como elas são. Estaria ela certa? Alias, existe o conceito entre certo e errado?
Precisa-se cavar fundo. O ouro nunca encontra-se na superfície.
Sentir o rítimo, as batidas musicais entrando pelos ouvidos e percorrendo cada centímetro do seu corpo. O arrepio, a fragrância, o frio. A falsa sensação de relaxamento, de deleite, de gozo.
Precisa-se congelar o coração. Urgente.