VIVER - PURO ENIGMA

Viver até o instante de se sentir absurdamente vivo, do corpo à alma. Ver os reflexos de si mesmo nas ondas correntes de um mar sem fim e intuir que se é transitório e universal, fragmento neste espaço onde gravitamos. Olhar o céu e refletir sem-fundos. Acordar num movimento de expansão gradativa. Viver – enigma infinito que, insolúvel, por isso mesmo significa mais do que significa. Busca. Pegadas de peregrinos na areia. Espelho contra o sol. Estilhaços de um lago na miragem trêmula. Ficar à margem não significa se excluir da odisseia cósmica em que se está envolvido. Há dias em que olhamos o espaço estrelado sobre nós e constatamos: aí reside o centro de todas as energias criadoras, da forma mais rudimentar até a mais elevada, que se convencionou chamar de homem. Mas, Ser de vestes translúcidas, onde a Tua espada flamejante a coroar a fronte dos ungidos? Belas são as manhãs duradouras, belo o egrégio Templo atrás da ermida, bela a maçã que colore os sentidos de um sabor melífluo, mas mais bela ainda é a inquietante mente daquele que se sente transfigurado pelo absoluto pasmo de ser e vê tudo o que o circunda fremir numa espécie de inspiração abençoada a lhe soprar: “Eis o milagre!!!” Cantemos! A estrada continua...

Vagner Rossi

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 29/07/2009
Código do texto: T1726201
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