Desconecta
Rompendo a interface do existir
Reencontro, interajo, abrevio frases
Sem sentido, sem sentir
Neste mundo sem espaços para abraços
Criamos coisas, forçamos laços.
Gifs animados substituem o sorrir,
O chorar, o adeus, o pensar
Já não requer argumento – teclar.
Porém, algo em mim ainda teima ao questionar
Se as pessoas existem além do computador,
Fora da TV. Pequenos anões nos caixas eletrônicos
Serão os gnomos que fugiram do meu jardim?
O mesmo algo em mim que acredita
Que o mundo acaba e recomeça
a cada piscar de olhos meus.
E que não há nada além da porta ou janela,
A menos que eu maximize ou espie por ela.
Começo a pensar que há algo de bizarro
No meu mundo e temo o despertar, desconectar,
Sem deixar histórico algum.
Quando eu, mesmo a contragosto, resetar,
Todo um universo de padrões acabará comigo.
E isto é triste. Mais triste que o fim
Da minha própria existência, é o ponto final
De minha consciência coletiva. Ser um,
Perante tantos é aquilo que prova que eu existo
E que sou algo além da mera invenção de outrem.
Há muito mais razão na loucura do que o julga o louco.