PELÉ E O POVO VOTANDO

Pelé dentro das quatro linhas foi o maior gênio que o futebol mundial já produziu em todos os tempos. Não é mais unanimidade mas continua rei por absoluto merecimento. Surgiu muita gente boa depois dele, mas não o alcançaram, mesmo que não queiram os que desmoralizaram a unanimidade. Pode aparecer, mas ainda não apareceu. Fora das quatro linhas tentou aumentar a sua genialidade. Às vezes se deu bem, outras, nem tanto, outras ainda se deu muito mal.

Além da corrupção, do futebol, do carnaval e da mulherada bonita, Pelé, talvez seja o “evento” que mais fez o Brasil se tornar conhecido mundialmente.

Um dia, Pelé resolveu dizer que o brasileiro não sabia votar. Quase bota a perder a sua credibilidade diante dos incrédulos brasileiros que acharam que o melhor mesmo era ele se vangloriar dos seus feitos dentro dos gramados e manter-se calado. Já estaria falando bobagens. Com aos pés ele seria infinitamente melhor do que com a boca.

Fico matutando hoje se a sua genialidade não extrapolou aquelas quatro linhas dos campos de futebol. Só matutando...

P.S. – Rubem Alves *

“... os ratos entram no quarto dos queijos porque nós, cidadãos, fazemos os buracos. Os ratos estão lá por culpa nossa. Os buracos através dos quais os ratos entram são os nossos votos. Os ratos entram no quarto dos queijos democraticamente... Aqui se encontra a delicadeza e a fragilidade da democracia: para que ela se realize, é preciso que o povo saiba pensar. A presença dos ratos na vida pública é evidência de que o nosso povo não sabe pensar, não sabe identificar os ratos. Não sabendo identificar os ratos, o próprio provo, inocentemente, abre buracos pelos quais eles entrarão.”

* Alves, Rubem: É Preciso Tapar os Buracos dos Ratos. – In: Conversas Sobre Política. Verus Ed. Pág. 31, 32, 33. – 2002.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 25/07/2009
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