Unívoco ou equívoco?

Para aqueles que rejeitam tudo que não concluem segundo sua realidade, ou não aceitam teorias modernas sobre um assunto que dominam, ou que hipostasiados em seu ego de tamanha certeza que não há verdade mais absoluta na Terra que a sua, pois bem, és um filho da univocidade, do indissolúvel, o projeto que deu certo, Deus na Terra em sua representação e ato.

Para aqueles no qual tudo é relativo, há sempre uma desconfiança para perscrutar e verificar, e verificar ao seu modo, tal qual mais “humilde” ou seria mais falsário que o unívoco, expõe que o ponto de vista, a subjetividade é a condutora da compreensão da realidade, sendo tacanho e desconexo da realidade, distanciando-se dos meios dados e de quem domina técnicas, instrumentos, especificidades ou especializações para uma melhor compreensão do dado, do bruto, do não compreendido.

Surgem dois adjetivos que, assimilados e transformados em personagens, o tecnocrata e o cético, travam guerras onde deveriam complementarem-se. A falta de afinidade entre o tecnocrata, que se embebe da mais absoluta certeza, e do cético que define o dado com a mais absoluta estranheza e falta de conectividade.

A tolerância é o meio-termo, o diálogo, a corda de ligação, o ponto convergente e motor, a força matriz para a compreensão da realidade, pois através de seu efeito conscientizador, o unívoco e o cético entenderão que seus instrumentais desvelam realidades, mas simultaneamente trazem à tona outras realidades não apreendidas ora por um, ora por outro. O dado, o real é simultâneo e imbricado em outras realidades, do macro ao micro, do inteiro ao recheio, do corpo à célula, da alma ao conceito, do sentido à motivação.

Com a tolerância, unívoco e cético compreenderão que ao desvelarem um complexo dado, estarão impondo um limite e simultaneamente descobrindo novas questões, que ao unívoco trará novas versões atualizadas e atualizáveis, e ao cético o ponto final de uma descontinuidade, mas outras questões e observações acerca de tal ou qual certeza imbricadas nela, aproximando-o da realidade em vez de afastar-se, tal como vem sendo o seu papel diante da relatividade.