Ler sem os olhos

Este é o desafio. Ordenar letras para que não sejam lidas com os olhos. Os olhos identificam, são a porta de entrada. Ler com a alma corpórea. Letras são meros rabiscos ou uma série de bits. Não importam. Não valem nada se quer saber. O que se busca é o óbvio renegado de tempos antigos coberto de pó e humanidade. Mas ainda está. Age sobre todos por vingança? Causa sofrimento até mesmo considerado doença e pior ainda chamam de mal moderno. Foi traído, as consequências aparecem naturalmente. O mal sem volta se continuar a ser considerado assim. Isto que existia antes do Universo. O nada absoluto que assusta. Não há o menor conhecimento de como lidar com ele a não ser negando-o na pueril tentativa de se livrar. O único meio aceitar. Confrontá-lo indo de encontro com um choque. Até o amálgama perfeito, sem que se possa distinguir coisa com coisa. Significados atrapalham o entendimento. Melhor é pensar com calma de um boi selvagem. Indomesticável. Distante de qualquer palavra como as que lê agora.

Cephas
Enviado por Cephas em 20/07/2009
Reeditado em 20/07/2009
Código do texto: T1708878
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