Individualidade nos relacionamentos

O ser humano muda o mundo em que vive e com isso acaba tendo que se adaptar ao novo ambiente que criou. As relações pautadas nos modelos que tínhamos tempos atrás não satisfazem mais as nossas necessidades e vontades. A palavra de ordem agora é Parceria e não mais Dependência. Não queremos mais o sentimento de necessidade, e sim o sentimento de vontade.

Amar e desejar, mas não aprisionar ou depender, pois já temos a nós mesmos. Agir, sentir e querer relações assim acaba impulsionando a nossa individualidade, a nossa necessidade de nos vermos como seres inteiros, que se amam e apreciam a própria companhia. Só esse sentimento leva a estarmos prontos para relações verdadeiras, dentro das nossas novas expectativas. Se não soubermos ficar sozinhos, dificilmente saberemos respeitar e apreciar o outro na sua individualidade, fazendo com que o padrão antigo de dependência e apego se mantenha, e consequentemente, sendo infelizes nas nossas relações. Não cabe mais a co-dependência, e sim a co-existência. As relações de co-dependência são pautadas no egoísmo e as relações de co-existência, na individualidade e afinidade.

Individualidade não é egoísmo. Individualidade é aceitar diferenças de interesses, opiniões, desejos e necessidades seus e das pessoas com as quais se relaciona. Egoísmo é não aceitar, e mais ainda, tentar impor sutilmente. Quem só pensa em si próprio e deseja tudo para si é considerado egoísta. Essa pessoa não é capaz de amar nem a si próprio, pois amor é um ato de doação e o egoísta não gosta de dar nada, sem ter certeza do que vai receber em troca. Vale salientar também que nos relacionamentos deve haver afinidades, independente dos temperamentos, pois as partes podem pensar e reagir de maneiras diferentes sem que isso seja motivo de separação, o que importa é que tenham gostos afins.

A bem da verdade, o egoísta é um ser inseguro, que se considera esperto. Ele faz uso da chantagem por achar-se incapaz de atrair o amor de outras pessoas e da inteligência para obter destas aquilo que não é capaz de conseguir. É sempre um ser simpático, extrovertido que sabiamente extrai das pessoas aquilo que necessita. Ao acusar os outros de invejá-lo e persegui-lo, procura se autovalorizar. Quando exigimos o respeito à individualidade queremos dizer que estamos exercitando a nossa capacidade individual, conscientes da nossa condição de um ser inteiro e autônomo. O excesso de autonomia pode sim confundir, ou seja, aos olhos dos outros a pessoa pode parecer egoísta. O egoísmo é uma espécie de doença do espírito. Felizmente, tem cura. Mas o remédio precisa vir de dentro para fora e começa com a constatação, pela própria pessoa, da necessidade de mudar de atitude, devido às perdas com as quais passa a conviver fruto do seu comportamento.