Objetividade

O homem tinha um objetivo, apenas um; não importava como ele chegaria lá.

Não era importante que se passassem dias e noites, anos ou décadas... E passaram décadas, anos, noites e dias, então ele lá conseguiu chegar.

Apesar de voar e voar alto e assim percorrer distâncias, acabou aterrissando num deserto real. Ele chegou lá com certeza! Exatamente aonde queria. Mas enquanto ele via apenas um ponto em sua vida, não se deu conta do que foi fazendo na sua grande objetividade.

Consumado seu desejo, teve tempo para ver e a única direção para a qual podia olhar, era para trás de toda sua existência... Naquele dia o homem chorou. Chorou mais ainda pela inutilidade de suas lágrimas. O que ele destruiu no seu caminho jamais poderia ser refeito, porque da mesma forma que o tempo para ele passou, também passou para tudo e todos que estavam no meio da sua estrada. Ele, o homem objetivo e matemático, jamais havia parado para prestar atenção que a vida vai acontecendo, independente de sua falta de perceptividade.

Restou o céu, algumas vezes claro e em outras, nublado, mas faltou algo, as estrelas, elas não estavam mais lá. O que era ar virou areia, o que era liberdade transformou-se em cela, o que era objetividade, acabou em sentença, prisão perpétua de sua única escolha.