O QUE É RESSENTIMENTO?
Imagine a vida suspensa como uma história paralisada num capítulo doloroso. E todos os dias a repetição da dor se instale sem a menor perspectiva de ser diluída ou superada. A imagem do ressentimento poderia se assemelhar a um labirinto sem saída.
Quem se ressente entende que foi agredido, mas por não conseguir elaborar a dor da ferida, revive a sensação que o atormenta. E, então, a pergunta inevitável surge: o que manteria a pessoa ressentida aprisionada nessa sombria construção emocional?
O pilar que sustenta a arquitetura do ressentimento é uma espécie de inocência diante da injustiça sofrida. Entretanto a pessoa não busca provar que é inocente, nem ser ressarcida pelos danos sofridos. O que a move é remoer sua dor em círculos e assim, perpetuar-se no papel da vítima.
Por outro lado parece ignorar ser responsável pelo próprio sofrimento quando recusa a cicatrização da mágoa. Estaciona sua história no episódio doloroso, transfere a culpa para o mundo ou algum personagem que passará a ter a função de vestir a carapuça de seu drama.
Muitas vezes lembra uma criança indefesa ao responsabilizar terceiros, mas esquece que há muito tempo deixou de ser um bebê. E pode, de fato, protagonizar sua história.
(*) Imagem: Google
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