Inspiração
Ontem, em conversa com um grande amigo - inclusive ele escreve aqui no recanto também -, ele me disse estar sem inspiração para escrever e que se fosse escrever sobre alguma coisa escreveria sobre um pedaço de pau seco na beira de um estrada.
Como não dou ponto sem nó comecei a perguntar sobre a origem do pedaço de pau - de que árvore teria vindo, se era frutífera ou não, qual era o tipo de folhagem, onde era a estrada para saber o tipo de plantação local, etc.
Pois ele começou a me explicar e olha o que surgiu:
"sou uma acha de lenha...
de um monte,
levados
nas costas
de pobres coitados...
a caminho de casa
a caminho da casa...
procuram calor...
calor na noite,
fria de vento...
cobertor fino...
que nada aquece...
só um pedaço de pau,
madeira,
que, na pressa do homem,
correndo cansado...
atabalhoado,
acabou de perder...
agora,
na estrada...
jogado na beira...
na beira da estrada...
sou apenas, acredite,
um pedaço de madeira...
um pedaço de pau,
sou,
sem a mão do homem,
um pedaço de pau...
sem utilidade."
(Hilton - 13/07/2009)
Para quem só tinha um pedaço de pau na beira da estrada isso é filosoficamente poético!
Questionei-me então, que, algumas pessoas perdem tanto tempo com rabiscos, com horários impostos, com cigarros e cafezinhos, com pontas de lápis e papel rasgado, enquanto que a inspiração - a tão sonhada inspiração - pode estar no cesto de lixo. Todas as idéias formuladas podem ter sido jogadas fora.
Deem crédito ao que chamamos limite, talveza nele encontremos a satisfação de uma busca.
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(Quem quiser visitar meu amigo segue o link dele, façam boa leitura.
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=5227)