Prefácio

Os textos muitas vezes não refletem o pensamento dos autores; não é o caso dessas horas passadas a limpo, em que o autor avisa na apresentação, que o texto pode ser de difícil compreensão por não ser memória, mas seguindo uma linha de reminiscências. Onde a diferença? O próprio autor de maneira simplista diz que se fosse memória seria uma colagem de jornais velhos. Em meu entendimento, tudo que se escreve e toda narrativa não deixam de ser a experiência vivenciada; mesmo os textos absolutamente ficcionais. Escrevo porque lembro, porque vivi, porque imagino viver; o maior exemplo dessa afirmativa é o que acontece com os capítulos das novelas ajustando-se ao dia a dia regional; muitas vezes, os espectadores participam das decisões e epílogos. Este livro constitui, sem qualquer dúvida, um momento vivencial do autor, mesmo quando escreve numa terceira pessoa, ou quando se transforma em narrador de um fato ou de um momento do pensamento; como aquelas cartas que escrevemos em determinadas fases de nossas vidas, quando passamos a ser cronistas de nós mesmos, de nossos acontecimentos ou do que testemunhamos. De fato, o Livro das Horas Passadas a Limpo seria um livro, também autobiográfico, não fora um livro autofágico, que mesmo podendo ser lido de diante para trás, não se constitui no avesso de uma caminhada às cegas. Aos textos já conhecidos juntam-se outros compondo uma coletânea aleatoriamente ordenada.

Abrantes Junior
Enviado por Abrantes Junior em 11/07/2009
Código do texto: T1693684
Classificação de conteúdo: seguro