Vivendo para o fim
Não é intenção iniciar com um ar mórbido, mas percebi que de uns tempos para cá, ando pensando muito na morte. Pelo menos, muito mais do que de costume.
Quando crianças, com todo um futuro de infinitas possibilidades aberta à nossa frente, é difícil pensar no fim das coisas. Nós éramos imortais, assim como as coisas que nos cercavam, nossos pais, amigos, nossos animais de estimação. Sim, o universo é infinito.
Com o tempo, aprendemos que as coisas têm limites, e por consequência, terminam, cedo ou tarde.
Afinal, até onde a consciência do fim pode influenciar nossas vidas? Faria diferença se soubéssemos quando tudo acaba? Ou talvez, como acaba?
Sou a soma de tudo que já passei, mas também a preparação de tudo que virá.
É racional analisar, ponderar, e planejar bem cada passo. E por isso, acabo escolhendo sempre os atalhos tortuosos na esperança vã de que, mais para frente, chegaria a uma estrada tranquila.
Olho para trás e me arrependo das coisas que deixei para trás. Olho para frente e não enxergo onde preciso chegar. Nem por quê.
No momento, penso que o que realmente faz diferença, não é o início, nem o final, mas sim tudo que acontece entre estes dois extremos. O "meio" é tudo que temos.
Infelizmente esse "agora" é muito difícil de viver. Muito.
É sempre mais seguro esperar.
Mas até quando vou poder adiar minha felicidade? Até ser tarde demais?
Só saberei quando chegar ao fim.