SOLIDÃO
Solidão não é um simples apagar de luzes. Um mero desprezo de um mundo sem sentido. Solidão não é uma dita fraqueza dos espíritos cansados do mundo, da vida, nem um vazio como coisa perdida em si e para si. Não é um simples se trancar num quarto e dizer: pronto, estou só. Não é o desfecho de um grito angustiante para um deserto profundo e frio.
Solidão não é o que pretendem alguns pensadores da existência que dizem: assim é a solidão dos seres humanos, um pé na imensidão de uma dor ausente e outro na incerteza de uma existência fugaz. Não! Não! Isso não basta para os que realmente pretendem entender o porquê das coisas. Solidão é algo mais.
Pretendo que a solidão seja um caminho para se dialogar consigo próprio – com os livros, por que não? –. Talvez ela seja um complemento para quem pretende chegar ao esclarecimento da ousadia de conhecer. Afinal de contas os escritores não têm suas parcelas de solidão? E os filósofos? E os poetas? E os sábios que moram nas zonas rurais que não tiveram o privilégio de freqüentarem universidades, mas que conhecem a vida e que todas as noites se prostram diante das estrelas? A solidão é de todos.
É exatamente assim que eu penso. Solidão tem suas duas faces. Numa encontramos o vazio de uma vida sem sentido, na outra a necessidade dos que buscam entender a vida e viver com plenitude.