Lugares Esquecidos: As Bibliotecas e as Livrarias
Quando perguntamos a maior parte dos jovens brasileiros aonde eles irão num final de semana, eles podem muito bem responder, sem hesitação alguma: “Qualquer lugar que não seja uma biblioteca ou uma livraria”. Mas por quê? Bom, esse é um problema sócio-cultural. A população em geral considera esses lugares destinados aos professores, aos estudantes, aos aposentados, ou aos intelectuais. São quase “guetos” culturais, lugares segregados pela maioria da sociedade. O engraçado é que essa mesma população sabe o valor de uma biblioteca e de uma livraria, mas não freqüentam esses ambientes.
Algumas pessoas temem ser taxadas de metidos ou esquisitões, outras alegam a “famosa” falta de tempo. Imaginemos um adolescente, ou mesmo um jovem, deixar de ir jogar bola com os amigos ou de ir para uma balada com a intenção de ir correndo para uma biblioteca a fim de passar horas lendo um livro de Dostoiévski ou de Machado de Assis, certamente os seus amigos (quem sabe até os pais) o chamarão de louco, ou de afeminado ou de qualquer outra coisa do gênero que faça o pobre rapaz mudar de idéia. É uma situação triste, porém, possível.
Portanto, essa patologia cultural só poderá ser curada com a intervenção direta e intensa dos poderes públicos e privados. Uma cachoeira de propagandas governamentais ressaltando os valores desses lugares. Uma poderosa divulgação desses espaços nas escolas públicas e privadas. Ou seja, a propagação dessa informação em todos os instrumentos possíveis, somente dessa forma ocorrerá a diminuição dessa antipatia literária. Ora, se a população tem o costume de assistir televisão e ouvir rádio, porque não pode ter o bom costume de freqüentar uma biblioteca pública? Portanto, devemos abrir os olhos para isso: a propaganda é alma do negócio e também é a alma da cultura.