Escrevo...

Escrevo pois não posso pintar...

Exige mãos firmes,

E as minhas tremem devido a dor...

Escrevo pois não posso cantar...

Minha voz é fina e mal educada,

E o agudo mostra a falta de fôlego...

Escrevo pois não posso falar...

Exige a paciência que já não tenho mais,

E as pessoas querem mesmo é ser ouvidas...

Escrevo pois eu posso sentir...

Eu sinto o Universo com meus sentidos,

Que sentem além do sentir...

Escrevo pois não posso mudar o mundo...

O mundo será disto pra pior,

Mas posso mudar dentro de mim...

Escrevo pois preciso manifestar...

Há uma fonte que flui constante,

E dou vazão para não me afogar...

Escrevo pois sei sorrir...

A alegria passa tão rápido quanto a tristeza,

Mas a alegria eu quero eternizar...

Escrevo pois sou feliz...

O mundo cheio de desgraças desaba,

Mas meu reino interior está mais em pé que nunca...

Escrevo pois choro de emoção...

Pois um dia descobri,

Que cabe muito mais em uma lágrima do que Tristeza...

Escrevo pois penso muito...

Não acredito em tudo o que me dizem,

Então anoto tudo o que a mente pode processar...

Escrevo pois sinto muita dor...

E minhas mãos expressam aquilo que meu coração está cheio:

Quem disse que devo ser infeliz por sentir dor?

Escrevo pois sou uma caixinha com boas surpresas...

Tenho meu melhor para oferecer,

E o que há de ruim não quero nem para mim, nem pra ninguém...

Escrevo pois preciso me expressar...

Não me importo em não ser compreendida,

Só desejo mostrar que compreendi...

Escrevo... Escrevo... Escrevo...

Escrevo pois não posso dançar!

São Paulo, 01 de Julho de 2009.