NATUREZA VAZIA DA MENTE

Se você atirar uma pedra no nariz de um porco, ele imediatamente irá se virar e correr. Da mesma maneira, sempre que um pensamento se desenvolver, reconheça-o como sendo vacuidade. Esse pensamento perderá instantaneamente seu poder de apelo e não irá gerar apego e ódio -- e, uma vez que apego e ódio se foram, a realização do Dharma perfeitamente puro irá se desdobrar naturalmente no interior.

Na verdade, pode tentar: não há qualquer outra maneira de se livrar do seu apego e ódio enquanto continuar acreditando que eles surgem devido às circunstâncias e objetos externos aos quais estão ligados. Quanto mais tentar rejeitar os fenômenos externos, mais eles vão se lançar de volta contra você. Por isso a importância de reconhecer a natureza vazia de seus pensamentos, simplesmente permitindo que eles se dissolvam.

Quando você sabe que é a mente que cria tanto samsara quanto nirvana, e também -- ao mesmo tempo -- que a natureza da mente é vacuidade, então a mente não mais será capaz de te iludir e te puxar pelo nariz.

Uma vez que tenha reconhecido a natureza vazia da mente, permitir que surja o amor por alguém que te prejudica se torna fácil. Mas, sem esse reconhecimento, é muito difícil impedir o surgimento da raiva, não é? Olhe bem e você verá que é a mente que realiza ações positivas, é a mente que cria circunstâncias negativas.

Como o Buda compreendeu inteiramente a natureza vazia da mente e permaneceu no samadhi do grande amor, o ataque que os Maras fizeram chover sobre ele se transformou numa chuva de flores. Se, no lugar disso, Buda tivesse permitido que o pensamento "Os Maras estão tentando me matar" o provocasse, se transformando em uma explosão de raiva, ele certamente teria ficado vulnerável a essas armas, e teria sofrido muito com os ferimentos provocados.

Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 - Butão, 1991)

"The Heart of Compassion", parte 2 | 2 | II | A

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 01/07/2009
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