Diário do Tempo
Apesar de lindo, é ao mesmo tempo estranho, estar vivo, com o tempo implacável, sempre indo, sem saber qual é o próximo instante, se este será “irrelevante” ou decisivo.
Cada segundo a frente é um futuro vencido, é uma resistência a mais, um leve aceno a morte que não nos deixa em paz.
Estamos sujeito à morte milhões de vezes ao dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo, pois viver é uma guerra contra a morte, porém talvez exista um momento certo para morrer, pois nosso subconsciente exerce uma proteção psíquica sobre nós, repelindo a morte sempre que está for “inconveniente”, pois simplesmente ainda não chegou a hora, que quando chega, o subconsciente abre as portas para que ela ataque e cumpra o seu objetivo de matar. Mas qual é a hora? Depois que você cumpriu a sua missão nesse mundo. Que missão é essa? Talvez só você pode saber, de modo que você possa exercer um papel, se tornando uma peça entre tantas, desse enorme quebra-cabeça que é a humanidade, do qual todos nós temos uma função, se não de montá-lo, de compô-lo, o que no fim das contas dá no mesmo.
A cada passo que você dar, você está suscetível a diferentes energias, traduzidas em matérias (objetos, pessoas, plantas, animais) diferentes, que são na verdade fatores de composição e de decomposição das nossas vidas; que irão nos originar pensamentos e idéias diferentes, que nos incitarão a ação, que mudarão os nossos caminhos ou nos colocarão neles, nos levando sempre a lugares desconhecidos, que se tornarão conhecidos, que serão feios ou bonitos, bons ou maus, para a continuidade da vida ou para a satisfação da morte.
A vida, viver, trata-se da constante submissão a diversos fatores que são a tradução de energias, que se encontram em diversas formas, que se opõem, se anulam e se completam e sempre nos direcionam, sempre nos influenciam, a partir da alta capacidade de absorção do nosso subconsciente, que se trata de um importante aliado ou um grande inimigo intimo, muito intimo, que constituímos em cada segundo de nossas vidas, desde o nosso nascimento até o nosso fim, que por ele mesmo é concebido, o que acaba por lhe atribuir também uma função de guia, que sempre lhe atribuirá um mesmo destino final, a morte, porém, você pode ter certeza, que em cada pessoa, o trajeto até chegar em seu destino final é sempre diferente, é um trajeto mágico, envolvente, emocionante, interessante, e que se resume em uma palavra, vida, e é ai onde consiste talvez a mais agradável parte de nossa viagem por essa imensidão, pois é ai que podemos ver coisas belas e maravilhosas das quais podemos desfrutar, a partir das nossas experiências, oriundas seja do acaso, do destino, da curiosidade ou da necessidade, o que são coisas inerentes ao ser humano, e que acaba por lhes auxiliar por toda a vida.
Itaci Silva Camelo