Voltando à reforma da língua portuguesa
Cena corriqueira: estávamos na cozinha, no café da manhã, eu e minha vó, que estava escrevendo um bilhete. Ao escrever café, ela parou e me perguntou “café ainda tem acento?”, eu disse que não sabia (aliás, eu admito e readmito, eu não sei nada das novas regras da língua portuguesa, eu mal aprendi a antiga!), e voltamos ao velho papo tão polêmico, e, sinceramente, absurdo que corre a boca miúda sobre a reforma da língua portuguesa. Foi então que ela me contou o causo de quando ela estava no ginásio (no ginásio!) resolveram que iam tirar o tracinho do 7, e todos os estudiosos e leigos debatiam o assunto, bem como acontece hoje. O papo da época era o 7 e seu tracinho. Veja bem, diante do tracinho do 7 e dos acentos e “desacentos” percebo que não existem mais problemas a serem resolvidos. Não tem nenhum ser humano passando fome, ninguém morrendo a toa, nenhum país explodindo o outro, nenhuma árvore sendo derrubada, nenhuma espécie sendo extinta, nenhum rio sendo poluído, não, não! Amigos precisando de um ombro pra chorar, nada! Mãe no hospital, filhos doentes, não! A doença foi extinta, ninguém morre de fome, ninguém chora de coração partido. O assunto a ser resolvido são os tracinhos do sete. E eu, queridas pessoas, aqui com meus humildes botões, concordo com o velho Saramago: os editores que se virem, eu vou continuar escrevendo como eu sempre escrevi!