O Divã
Porque sou Esdrúxula e Estranha me esquivo das coisas tidas e havidas como normais; desconfio dos fenômenos, seres e coisas naturais. Tenho ojeriza visceral do corriqueiro, o lugar-comum me dá asco e me causa ânsias de vômito. Todavia não sou dada ao sobre/supranatural, antes, ao inatural. É o anômalo que me enleva.
Amores? Só me permito os platônicos e proibitivos.
Namoros? Só virtuais, pois comportam a dúvida, o logro, o erro e o engano sem falsos pudores. Porquê o de verdade, ninguém tem.
Relacionamentos? Não me interessam, sou cética e asquerosa por instinto e inconsciente opção. Se assim não fosse, não seria... Pensando melhor: se assim não fosse, seria. Inaturalmente!
Não me prendo a convenções tolas ou quaisquer tipos de padronização que imponha barreiras ao pensamento livre; masmorras as ações livres ou grilhões às más intenções.
Sou excêntrica, mal intencionada, infantil, tirana, expositiva, cínica.
A enquadração do puro, puramente angelical ou, impuro, impuramente demoníaco não me alcança. Sou livre.
Jamais me escravizaria a temáticas filosóficas, religiosas ou partidárias. Meu coração permanecerá como sempre foi: íntegro, intacto, inviolável, inquebrantável.
Sou antipática e me apraz dizer: tenho antipatia daqueles que se permitem ser simpáticos sempre. Que vantagem eles levarão se, no final, apenas os vermes se regozijarão em seus jazigos?
Se desejo, faço!
Tudo isto porque meu primeiro nome é Vontade e meu sobrenome é Desejo!