Uma carta para a morte
Não há ricos ou pobres que se livre de teus estabanados abraços;
Não há preto ou branco que não se contorce diante de teu venenoso ferrão;
Não há um pobre mortal com peripécia de super que diante de ti não vire comida apodrecida de verme;
Onde tem vida, tu estas presente como um paradoxo memorável de uma lápide;
Onde há fôlego, existe a possibilidade de uma parada brusca, na tentativa desesperada de prevalecer.
Onde há abundancia de alegria, tu estás mais próximos do que daquele que já não tem esperança.
Diante da morte o rico fica pobre,
O bonito fica feio,
O felizardo vira miserável;
Os pêsames, o corpo, os enfeites,
São símbolos tolos de perda real.
As vozes, a mente, os cheiros, as cores, são emissários vaidosos da dor;
Saber morrer é saber viver:
É saber sentir o coração do outro;
É poder dar-lhe esperança sempre;
É sorrir o sorriso de uma criança;
É tocar o outro como se isto fosse o mais belo hino.
Isto sim é viver o “descanse em paz”.