Moro no sertão, que é meu coração

Deixar pela metade

Chorar pela manhã,

Ouvir o que se gosta

E não se emocionar.

Correr pela cidade,

Pra lugar nenhum.

Correr com as suas mãos

Com a sua boca,

No calor deste silêncio,

Que agride sem mostrar,

Seu rosto que imploro,

Na vida que se vai.

No amor que nunca veio,

Na prisão do ser,

Que acaba sem querer,

Dizer, que nunca pensou.

Eu moro no sertão,

Que é meu coração.

Do acaso que escolhi,

Pra sinalizar.

A hora que matei,

Não foi pra matar,

A hora que pequei,

Não queria errar.

Mas assim a vida mostra,

Que poucos são leais,

Nos cômodos, nas praças,

Nas respostas triviais.

Que se olvida da verdade,

Porque é mais fácil não dizer,

Que se os olhos são fechados,

Não preciso de um sol.

Que brilhe para mim,

Seu riso, seu sofrer,

Mas não me deixe louco,

Como louco que não vê.

Que acredita na paisagem,

E se perdeu demais,

Sem mãos que toquem,

Que sintam seu pesar.

Que o ouro desta terra

Está em outro lugar,

Que os aplausos,

O reconhecimento e toda a garantia,

Que eles propõem.

Não seja valor fundamental

Para sua alegria.