A nutrição do Amor
O amor é essencialmente vida.
E como todos os seres vivos,
Precisa ser nutrido.
Em um mundo no qual tempo e informação valem ouro,
Em que consumir é a ordem do dia,
Ter é mais importante do que Ser, questiono-me:
Qual a qualidade de amor que damos às pessoas que nos são queridas? Não entro no mérito de perguntar a quantidade de tempo; existe, pelo menos, uma resposta pronta: o que vale é a qualidade.
Sim, cada um/a de nós, afirma categoricamente que damos o tempo que podemos e, portanto, não importa a quantidade, mas a qualidade com a qual aproveitamos este tempo. Porém, algo me instiga a continuar a questionar:
Diante de tanta pressa, cobrança, exigências, o que fazemos, efetivamente, para nutrir nossas relações afetivas?
Escutamos verdadeiramente o/a outro/a ou apenas o/a ouvimos?
Temos tempo para acolher o que o/a angustia o/a e, neste tempo de acolhimento, contribuimos para ajudá-lo/a a encontrar saídas para suas angústias?
Conseguimos fazê-lo/a rir quando a vida parece dizer-lhe não?
Dalogamos e, neste diálogo, ajudamos ao/à outro/a a se melhorar como pessoa, crescer e se tornar um ser melhor?
Conseguimos blindar as nossas relações afetivas da competição predominante na sociedade capitalista ?
Dispomos de tempo para criar a intimidade necessária para que o/a outro/a consiga se despir de seus temores, medos, anseios e angústias?
Ficamos verdadeiramente felizes com o seu sucesso?
Não tenho respostas: apenas acredito que precisamos, cada um/a a seu modo questionar-se sobre o que verdadeiramente nutre o amor.
Penso que, um outo modo é ter coragem para perguntar às pessoas que nos são queridas como elas avaliam a nossa forma de amá-las.
Sentem-se nutridas?
Isto para mim é um ato de extrema coragem para aqueles/as que verdadeiramente escutam e acolhem o sentimento do/a outro/a.