CONCEITOS E PRECONCEITOS SOBRE DEUS

Pode-se afirmar que nem todos os caminhos levam a Deus e que o deus não é o mesmo para todas as religiões. Assim como existem várias opiniões a respeito de um mesmo assunto, dependendo do ponto de vista de cada indivíduo, segundo seus interesses particulares, mas existe uma única verdade para aquele assunto, existem também vários assuntos para a mesma opinião, ou vários religiões que pretendem ser para o mesmo Deus. Todavia, nem todas elas são. Portanto nem todas as religiões levam a Deus. Cada uma delas entendeu Deus de uma forma diferente, pois olhou-O por um único ponto de vista particular – o que interessa a sua doutrina. Logo, a maioria das interpretações não correspondem ao que realmente Deus é, mas ao que a pessoa quer que Ele seja, embora que muitas pessoas tenham, de boa fé, se enganado na escolha do que desejava que Deus seja. Todavia, a verdade final é que o verdadeiro Deus é o que é e não o que as pessoas querem que Ele seja.

Por exemplo: Certa pessoa pretende que Deus seja amor para ela e justiça para os outros. Outro indivíduo quer que Ele lhe seja maleável e inflexível para os outros. Já outro quer que suas faltas sejam perdoadas, enquanto as faltas dos outros sejam punidas. Alguém, porém, deseja que Deus Ele lhe faça prosperar, sendo, porém, um entrave para a prosperidade dos outros. Assim por diante.

É dessa forma que os de mente simplória concebem seus deuses, pelo que existem tantos deuses pagãos.

Mas o que o verdadeiro Deus é?

No sentido de dar a todos Sua atenção e cuidados, Ele é amor para todos. No sentido de defender o direito de cada um no que é direito, mesmo daquele que contravenciona, Ele é justiça para todos. No sentido que deseja que todos voltem atrás e se arrependam, porque Ele quer manter a todos habilitados, Ele é maleável para todos. No sentido de que não pode livrá-los das conseqüências de seus maus atos, conquanto que recuem e parem de praticá-los, Ele é inflexível para todos. E assim vai.

Portanto: Deus é perdoador para todos porque deseja reabilita-los sempre. Ele é punitivo para todos os que não recuam, porque pretende com isso fazer que recuem e sejam reabilitados. Ele faz prosperar a todos os que entende que serão beneficiados com a prosperidade e beneficiarão aqueles aos quais Ele põe entraves quando esta é a única forma com que conseguirá livrá-los de destruírem-se e destruírem aos outros.

Com vista nao assunto da relatividade da verdade: um homem avarento sentencia que o saco de moedas está quase vazio, enquanto um generoso determina que o mesmo está quase cheio. Em meio a essa discussão, existe uma verdade invariável a respeito do saco. Ele está cheio ou vazio? A verdade invariável é que está pelo meio e para verificar-se isso basta examinar o saco pessoalmente.

Nesse caso, o deus de um dos contendores não corresponde ao deus do outro. Para o avarento é preciso arrecadar mais dinheiro para o cofre público, para a conta bancária pessoal, para a igreja, para reter e acumular o máximo, etc.. Seu deus evoca concentração de bens materiais. Esse deus pode ser chamaado de Baal, Astarotes, Moloc, etc. – deuses antigos da prosperidade.

Já o homem generoso pensa que o cofre público, sua conta bancária, seu bolso e sua igreja possuem bastante, a ponto de poder investir em ajuda humanitária. Seu deus é o deus da caridade, do amor ao próximo, do desprendimento, da abnegação, da igualdade, da paz, de todo bem. Logo, chegamos a uma verdade invariável sobre esses dois deuses: Assim como na verdade o saco de moedas está pelo meio, o Deus verdadeiro é aquele que quer o bem para todos e não só para um ou alguns – para seus pretensos eleitos. Por isto o deus do segundo homem é o verdadeiro Deus.

O egoísmo do primeiro não se harmoniza com a generosidade do segundo. O egoísmo não é coerente porque ninguém pode subsistir só. O deus do egoísmo é o deus do extermínio. Definimos que o segundo se enquadra melhor num conceito natural do que possa ser um verdadeiro Deus, pois ele preserva (porque criou), enquanto o primeiro se enquadra num conceito paradoxal do que é Deus, porque ele não preserva (porque não criou). Quem cria preserva sua criação.

Logo, várias personalidades são chamadas pelo nome de deus, mas nem todas são verdadeiramente Deus, porque não possuem as características que devem compor um verdadeiro Deus. Percebe-se o verdadeiro Deus quando, ao conhecê-lo, descobre-se sobre Ele um conceito mais coeso do que o conceito que se percebe nos outros deuses. Cada um dos outros deuses possui um atributo do verdadeiro Deus, o que chamaríamos de um ponto de vista particular. Um é só justiça, outro é só amor, outro é só perdão, outro é só intransigência, outro é só castigo, outro é só prosperidade, e assim por diante. Por isto alguns conceberam o imaginário do inferno (e o deus do Hades ou Anúbis), porque gostariam de punir severamente a seus inimigos. Todavia, quando cultivam essas vocações vingativas as pessoas esquecem que o Deus que os apóia é o pai também dos inimigos e Ele não acha que o castigo deva ser tão grande assim para nenhum de Seus filhos, porque, ao mesmo tempo em que Ele pode vir a ser castigo, Ele é também amor.

Claro que cada um desses deuses é só o que é para cada pessoa que o concebe segundo seu interesse. Nenhum deles é Deus, porque o verdadeiro e único Deus tem que ter todos os atributos de Deus pra se sustentar e continuar sendo Deus, a exemplo da mesa tem que ter todos os pés para ser mesa. Um desses atributos deve ser o poder de criar, para o qual Ele precisa existir e estar vivo, não empedrado numa imagem.