As estrelas e nós
Na escola ensinaram-me que muitas das estrelas que contemplamos no céu noturno são sóis mortos há milhões de anos. O brilho que observamos são apenas suas luzes ainda viajando no espaço, uma vaga lembrança de como era o universo em épocas distintas.
Analisando nossos relacionamentos humanos, chego à conclusão que não são somente estrelas a usarem esse artifício. Nós mesmos o usamos em várias épocas de nossas vidas. Quantas vezes você não se sentiu enganado pela lembrança de uma velha amizade, registrada em fotos e diários, mas no fundo soube que daquela amizade só restaram memórias?
A diferença entre os astros e nós é que as estrelas deixam de existir em explosões cataclísmicas para se tornarem lembranças, nós nos tornamos na ausência. E assim, como nas estrelas, seu brilho continua vagando indefinidamente pelo universo das lembranças, até o dia que se apaga pela falta de contato ou de interesse mútuo.
Só morremos quando somos esquecidos. Quantas pessoas já morreram para você? E quantas vezes você já morreu em sua vida?