O CÂNCER NA VAIDADE...
Dói, mata, corrói...
este câncer, tenta aniquilar
tirar a vida, de quem quer sonhar,
quebrando as células,
como um martelo, batendo as águas,
inquieta, ela chora
é o câncer que incomoda,
procura ela saber,
se este câncer, vai sobreviver
e consequentemente a sua vida tirar,
inicia-se uma guerra química
tentando libertar a dor, que se tornou psíquica
ela pede vida, e, morre a cada segundo
chega em casa, e, sem espera
os agentes do Samu, já retornam
para libertá-la entre os gritos desta dor,
que sobe pela sua mama,
e deflora o resto do seu corpo,
mulher infeliz, com a alma incapaz de sentir
não existe dentro de si
qualquer porção de vida,
insiste, mas, desiste
quando a dor lhe toma, a raíz,
quando a ferida falsa, lhe deforma
dos pés ao nariz,
quando os olhos avermelhados
choram pela vida
ao mesmo tempo que pedem a morte,
é o câncer detonando cada momento
como se jamais houvesse acontecido outro,
é a ânsia de acordar e ver suas filhas
e o marido que vai chegar,
é chorar pelos que não mais vão em sua casa
é sentir o não acolhimento dos que sempre amou,
o câncer vai matando aos poucos
destruindo, explodindo, dentro do seu corpo,
como seu maior inimigo
faz guerra, destruindo toda sua vontade de vida,
a dor aumenta, quando a solidão lhe toma,
quando perseguida pelos sintomas
olha para o lado, e ninguém vê...
seu câncer, não tem codinome
é o câncer que a medicina encontrou
nas mamas daquela mulher
que outrora, bela, não conhecia a dor,
desfilava nas praias, desnudando uma beleleza
sem igual,
agora, vem esta pancadaria quimioterápica
rasgando sua vaidade
dobrando sua idade,
fazendo dela, o que quer...
não chore mulher,
descubra que há algo mais belo
que os seios fartos, que lhe trazia
todos os encantos,
agora, temos um plano B,
sem eles, você não vai morrer,
se precisar tire-os,
para que você possa encontrar
a beleza em seu olhar,
onde a vida vai te acordar
com menos dor, e mais sonhos...
é... o câncer, estragou a alma desta mulher
que tanto tinha para viver
hoje, suas perspectivas sombrias,
te levam ao desespero,
quando procura entender, se o câncer mata
ou somente dilacera...