Sistema místico pampsiquista (provisório)

PENSAMENTOS TEOLÓGICOS

Da Mente –

A Mente é o elemento e o fator primordial do universo.

Porém, antes de tudo, é a Mente Divina, o fator gerador de todos os fenômenos. As mentes individuais são apenas manifestações ramificadas da Grande Mente.

A Grande Mente, em si, também é um dos aspectos do Absoluto inconceitualizável.

Sendo ramificação do único princípio universal, a mente humana é, em sua essência não-individualizada, idêntica ao princípio cósmico Absoluto.

Dos fundamentos do fenômeno –

A multiplicidade verificada no mundo dos fenômenos é resultado do movimento intrínseco.

O movimento intrínseco, também cognominado energia, ocasiona o tempo e também o espaço – este sendo o campo de extensão sobre o qual cada fenômeno se manifesta.

O movimento intrínseco, ou princípio volitivo, ou energia, ou vibração, é expressão imediata da vontade.

A vontade é o princípio geral que comanda o universo.

A vontade, porém, não é um fim em si mesma. Ela é o fator contingente para a manifestação da Harmonia Absoluta ou Supra-Sumo.

A Harmonia Absoluta é a determinação ideológica do Eu Cósmico Absoluto.

Da existência e da subsistência –

A Divindade é a única realidade, em âmbito qualitativo ontológico – o Ser por excelência.

O Ser Divino não é um simples estado de percepção por parte de um indivíduo isolado da totalidade, mas uma identificação real entre subjetividade e objetividade: a Divindade é simultaneamente sujeito e objeto, imanência e transcendência, macrocosmo e microcosmo.

Além do Supra-Sumo (Divindade), nada há que tenha substância ontológica (Ser real).

O Ser é definido por sua imutabilidade e consistência. Ele já é absolutamente perfeito e excelente em si mesmo, sendo que as próprias palavras “perfeição” e “excelência”, bem como qualquer outra palavra, configuram mera abstração, para fins de entendimento provisório.

No mundo fenomênico, nada “é”: tudo está “se tornando”.

Tudo que é passível de transformação substancial (e não formal), portanto, não possui “ser” autêntico, ou seja, não existe – apenas subsiste como expressão ideológica provisória.

Sendo a imutabilidade ontológica uma excelência, o que se lhe opõe, além de não-excelente, é inexistente em última instância, por seu próprio conceito.

Apenas o que é harmonioso e perfeito possui Ser genuíno.

Todo fenômeno (efeito do movimento: multiplicidade, espaço, tempo) possui apenas substancialidade subsistente, a nível representativo.

Entretanto, no âmbito quantitativo, mensurável, o não-sublime e o aleatório tomam a dianteira em verificabilidade.

O universo é a expressão fenomênica do princípio metafenomênico. O universo não é necessariamente pérfido e maligno por ser formalmente impermanente, mas apenas representativo, quando melhor, e sempre fugaz e provisório quanto à forma.

Da identidade entre causa inicial e final –

Em âmbito cronológico, a vida vem após os seus fatores possibilitadores; e a mente segue-se à vida.

Porém, no nível de excelência, a vida submete-se à mente, e esta ao “Eu”.

A causalidade metafenomênica dá-se ao inverso da cronologia fenomênica: o Eu cósmico transubstancializa-se como Mente, que solicita a Vida, que pede pelos fatores possibilitadores.

Todos estão, assim, ligados em mútua dependência ontológica – nenhum existe sem o outro.

No universo fenomênico, o Eu cósmico (ou Deus) é o último a manifestar-se plenamente. Mas permanece a causa primeira, antes mesmo de sua manifestação sensível aos seus terminais individualizados.

Do aspecto pessoal da Divindade –

Os seres individualizados (nós) são os terminais sensoriais da Divindade (Ser singular), os meios pelos quais esta percebe-se a si mesma.

O Ser Supremo não possui uma necessidade propriamente dita, mas uma vontade de auto-realização, realizada através da autopercepção.

Não há separação substancial entre o Ser singular (Deus) e os seres individualizados, no plural. Deus é o único ser e a única realidade, em âmbito qualitativo. Exemplo comparativo: uma mão e seus dedos.

Deus não cria, como um artífice ou demiurgo, mas se automanifesta e autopercebe mediante a potencialização da volição – movimento intrínseco que gera todos os fenômenos.

O universo, portanto, não é criação propriamente dita, mas manifestação provisória, a nível pragmático, da própria Divindade.

Deus, sendo Deus, possui aspecto pessoal, mas manifesta tal aspecto apenas por intermédio de pessoas – seres pessoais.

Todos os dias, podemos ver os rostos de Deus, os seus sorrisos e os seus amores.

Nosso olhar é Deus olhando; logo, devemos refinar nossos pontos de vista.

O nosso gozo é o gozo de Deus; logo, devemos refinar o nosso gozar.

Nossa alegria é a alegria de Deus; logo, a busca da alegria é nosso dever moral.

Mais do que tudo, é na coletividade dos seres pessoais que Deus se encontra e se evidencia.