Luar

Sinto de novo o luar cortar as fibras fracas da minha pele despida. A lâmina celeste voltou a cortar o firmamento.

Havia frio no ar, condensações leves de afagos por cima do meu rosto. Existia umidade percorrendo o meu corpo mortal, fazendo-me doer os músculos. Soprei no sentido da lua, certa de que ela me sentia como um vento brando. Ela sorriu, reproduzindo-se no meu olhar como uma lágrima de cristal, lançando os seus raios ainda frágeis para me encerrar em sombra.

Contei-lhe de ti e ela soube sentir-me mais uma vez. Leu os vocábulos que eu ainda não soube escrever, adivinhou as mágoas e os desprazeres, o peso espontâneo no meu peito, as lágrimas que ainda não me admiti verter. Iluminou-me as memórias com a sua claridade descorada para que tudo parecesse ainda mais belo, delineou molduras argentadas nas imagens da minha mente, atando-as às paredes do mundo com fios de seda. Posteriormente, abraçou-me maternalmente e pousou-me um beijo na testa enquanto se encaracolava novamente no algodão gélido das nuvens.

Falei de ti à lua e ela sorriu. E que mais poderia ela fazer?...

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 21/05/2009
Código do texto: T1607090
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