A dor serena

Meu pai faleceu recentemente e conheci pela primeira vez, intensamente, um sentimento constante de tristeza. Não qualquer tristeza, uma constante, corriqueira, de toda hora, e procurei caracterizá-la como angústia.Fiquei pensando nas inúmeras pessoas no Mundo que a sentem sem estabelecer, necessariamente, conexão nenhuma. A sentem simplesmente por sentí-la e regularmente sofrem com isto.

Não é dor de amor, forte e cega, esta tristeza não tem dor certa. É uma fisgada na alma que imobiliza. Não tem ferida, mas fica aberta.

Queria muito falar com outras pessoas que a sentem, porque, creio, que me emancipei dela, às vezes , teimosa, volta ao meu corpo físico, mas meu semblante, então terno, a manda embora.

Quem são os muitos que sentem isto? Uma solidão incontida, serena e duradoura. O mundo tem cores brilhantes. Não é cinza.

Digo dor serena, porque é tranquila. Alguns a conservam por toda uma vida.

O que poderíamos fazer para desfazer este elo? Quantos poderiam decerto não mais sentí-la?

Somos todos poetas, escritores, músicos.... A arte nos regojiza , é nossa morada preferida, nosso primeiro amor. Esta dor é cega, desnorteia a mão que carrega , e retira a força da vida.

Vida é descoberta. Se travamos uma batalha interna, a vitória não emancipa.

Quero dizer que estou aqui.

Não para dar conselhos

mas para aprender

Não para explicar o que ainda não sei

mas para dizer o que aprendi.

Ka Risse
Enviado por Ka Risse em 21/05/2009
Reeditado em 21/05/2009
Código do texto: T1606497
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