Passatempo

Fico tentando imaginar se o agora passa mais rápido, ou se só depois de ter virado adulta é que me dei conta de que não sobra tempo pra ‘brincar’. Acho que a passagem rápida do tempo está ligada à atualidade, à necessidade de trabalhar e sobreviver que sempre existiu, mas nunca nesse nível de competitividade. Costumo dizer que tenho vivido como se estivesse me despedindo da vida, como se o fim estivesse ali, dois passos à frente. É o carpe diem contemporâneo. É ruim, mas não concebo ver da minha sacada o tempo passar sem a minha participação. Acho um abuso! Afinal, sou protagonista dessa vida.

Eu tento abraçar tudo com felicidade. O trabalho, a família, meus sonhos... Procuro me aproveitar dessas clausuras obrigatórias e extrair delas alguma coisa que me seja útil. Assim, não fico ruminando a sensação de estar parada enquanto o mundo acontece. Eu aconteço junto. Estou produzindo, vivendo, passando o tempo que eu tenho que passar nessa existência, afinal, endosso as sábias palavras do meu adorado Mário Quintana quando diz: ‘A posteridade é muito comprida; me dá sono’.