Dúvidas

Que sentimento medonho sinto eu, agora. É como se ainda não fosse atribuído um significado para o sentimento que aflora o que sente meu coração e toma-me bruscamente o tempo e os pensamentos. Tenho vivido feliz, mas a felicidade foge de meu ímpeto porque sou humano e porque humanos não sabem o que sentem, nem como sentem.

Tudo soa frio. É preciso aquecer o que agora me faz encolher entre os lençóis que imagino existir.

Tenho medo do tempo, como já foi claro em outro momento, mas não posso me resignar e deixar de ser o que verdadeiramente sou, ou seja, o tudo e o nada porque, ambos, são a mesma coisa.

Estou flutuando no meio do nada que é tudo e do tudo que é nada. Não há segurança aqui. Parece-me despercebido isso, mas acho que segura somente se fazem as palavras, a matemática, as ideias que estão em minha mente. Mas, ora, minha mente não é segura; é seguro o que lá fica, então?

Dou-me um jeito, mas e os que se dispuserem do sinal? E os que leem diferente o que agora escrevo? Não uma leitura costumeira ou indiferente, mas uma leitura que põe fogo na água, que é espera ansiosa, que desperta medo, paixões, sonhos, significados.

Queria tanto poder ser o que agora não sou. Não sou porque não consigo ser. Quero mudar meu eu, o que me faz pertencer a esse mundo físico e com ele compactar. Mas é incerta a mudança como incerta são minhas certezas.

Tento fugir do tempo, mas quem disso é capaz? Sinto vontade de viver noutro lugar e noutro momento: porque o aqui e o agora (esse instante já) nunca me são suficientes?

E porque quando o querer se torna o instante querido já não suficiente é mais?

Quero viver sem limites, quero viver como um pássaro que se diz livre, voa. A liberdade é voar? Voo, às vezes, para utopia e espero que possa dela realidade fazer, mas não me sinto livre; não voo então ou não é o voo que é realidade ou verdade?

Sonho com um instante em que será o instante querido, planejado, vivido e objetivamente correspondido. Dependo não somente de mim e sou sem limites. Quem há de ser como eu? Quem há de ser a sintonia perfeita oferecida por qualquer coisa que chamam de Deus ou de Universo?

Quero-te aqui ou quero estar aí contigo, para objetivar meus sentimentos e não da filosofia agora usar. Quero-te porque sinto que quero e é só.

Não é o bastante, contraditoriamente. Quero-te sem limites e sem seu limite que me espanta e diaboliza.