Nostalgia
Sinto. Sinto doer como sente uma mãe ao dar a luz. Sinto nostalgia pela alegria que sou condicionado a viver. Para mim, felicidade é correr atrás de uma condição e somente às vezes se consegue alcançá-la. Mas, no fim das contas, ela sempre dá um jeito de escapar. E como fico eu, que odeio exercitar-me?
Sinto alegria agora, porque agora eu corri e alcancei. É norteador saber que daqui a pouco vou estar cansado para correr novamente, mas não quero pensar nisso agora. Quero aproveitar o inverno que deveria ser chamado de primavera, porque é a primavera das estações. A brisa, o vento gélido soprando meus cabelos e os fazendo balancear, porque, hoje, estão crescendo novamente e já podem definir o destino do percurso do vento que me fará adoecer. Mas vale a pena. Vale sentar a beira de qualquer coisa e poder sentir a primavera que chamam de inverno. Quanta hipocrisia, meu Deus que não é homem. Quanta crueldade, diabo que não existe. Quanta dádiva, oh dúvida que me faz correr.