Viagem interior a fragmentos de memória de minha primeira infância
Caminho pelo quarto dos meus pais, dou a volta pela gigantesca cama de casal e vou em direção a mesinha de cabeceira... Tudo é muito diferente, já que é a primeira vez que entro ali sozinha, escondido. Tenho único objetivo de pegar em minhas mãozinhas um enfeite que figura uma cestinha com flores. É bem pequenino e faz parte da minha lista de coisinhas interessantes de se capturar pela casa. Pena que só me lembro desse item, já que era o meu alvo preferido.
Eu toco o enfeitinho em cada pedacinho. Não me lembro se me sentia um pouco culpada por estar ali sozinha, podendo quebrá-lo. Só sei que estava muito feliz. O enfeitinho era tão... Legal de pegar. Meio áspero, fazia cócegas na ponta dos dedos. Adorava aquilo.
Me viro para dar uma olhada na porta. Dou de cara com meus pais me olhando e sorrindo. Levei um breve susto, mas retribuí o sorriso. Uma câmera fotográfica surgiu das mãos de um dos dois, não me lembro de quem... E uma foto minha foi tirada. Sorrindo e pega em flagrante com o enfeitinho.
Todas as vezes que olho para essa foto, volto a viver todo o percurso que levou a ela. Adoro voltar a ter um ou dois anos de novo. Pensar e sentir como uma criança que vê tudo como parte dela, o que é a mais pura verdade. Tudo faz parte de nós. Pena que vamos perdendo tal capacidade à medida que vamos crescendo.
É muito importante tentarmos resgatar essa sensibilidade inocente das crianças, pois assim encontraremos a felicidade nos pequenos momentos da vida. Ela está em cada um de nós, e depende da maneira como vemos o mundo que nos cerca.