Aparências...
Nada é mais deprimente
Que o vício tão demente
De viver das aparências
Irmã gêmea da inconsciência
Império e castelo sem ciência
Nutre o culto servil da hipocrisia
Mesuras, salamaques noite e dia
A tecer a teia de uma rede vadia
Tendo à sua volta um exército
Dos bajuladores como séquito
Daí para a arrogância é um passo
Fuja! Não participe dessa farsa
Mas por favor, não confunda
O fino trato da sutil elegância
Educada e refinada delicadeza
Com a práxis da subserviência
Ali é produto da visão estrábica
Aí é viver pelas bordas e cascas
De quem tem preguiça de ir ao miolo
E abusa do cultivo odioso da mesmice
Mãe da ignorância e das bobices
Falta de reflexão no fruto da essência
De quem não usa dos seus neurônios
Chega até ser medonho e enfadonho
O abandono do saber o que é bisonho
Não se pode nunca depreciar o sonho
Quem só crê no fato imediato é idiota
Há que ver o conhecimento como ato
Do maior e melhor de todos os tesouros
Diferente do objeto cultural de consumo
Que é o bezerro de ouro atual que aliena
E nem imaginas o quanto isso contamina
Afasta você da verdadeira alegria de viver
Resgatemos o discurso nunca defasado
De apreciar mais o ‘ser’ no lugar do ‘ter’
E é por isso que eu digo e vivo a poesia
Para mim esta é a magia sadia que irradia.
Hildebrando Menezes