Aparências...

Nada é mais deprimente

Que o vício tão demente

De viver das aparências

Irmã gêmea da inconsciência

Império e castelo sem ciência

Nutre o culto servil da hipocrisia

Mesuras, salamaques noite e dia

A tecer a teia de uma rede vadia

Tendo à sua volta um exército

Dos bajuladores como séquito

Daí para a arrogância é um passo

Fuja! Não participe dessa farsa

Mas por favor, não confunda

O fino trato da sutil elegância

Educada e refinada delicadeza

Com a práxis da subserviência

Ali é produto da visão estrábica

Aí é viver pelas bordas e cascas

De quem tem preguiça de ir ao miolo

E abusa do cultivo odioso da mesmice

Mãe da ignorância e das bobices

Falta de reflexão no fruto da essência

De quem não usa dos seus neurônios

Chega até ser medonho e enfadonho

O abandono do saber o que é bisonho

Não se pode nunca depreciar o sonho

Quem só crê no fato imediato é idiota

Há que ver o conhecimento como ato

Do maior e melhor de todos os tesouros

Diferente do objeto cultural de consumo

Que é o bezerro de ouro atual que aliena

E nem imaginas o quanto isso contamina

Afasta você da verdadeira alegria de viver

Resgatemos o discurso nunca defasado

De apreciar mais o ‘ser’ no lugar do ‘ter’

E é por isso que eu digo e vivo a poesia

Para mim esta é a magia sadia que irradia.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 17/05/2009
Código do texto: T1598412