Brisinha 4

E ainda assim, depois de ser desprezado uma vez mais, não consigo desistir dos sentimentos. Dependo deles, mas não sei por que. Queria esquecer-te. Ou melhor, deveria esquecer-te, mas não quero. E, se quisesse, certamente não conseguiria. Se meus olhos se fecham, é tua face que me vem à mente.

Diversas situações passam por minha mente. Situações que aconteceram, situações que eu gostaria que acontecessem. Tento ignorar meus próprios pensamentos, distrair-me. Mas tudo o que faço, faço com o desejo de que você estivesse comigo. Nunca compreendi os teus olhares; verdadeiramente nem sei se eles querem dizer-me algo, afinal. Mas sempre que te olho, teus olhos me dizem que teus lábios mentem a meu respeito.

Se os olhos são as janelas da alma, espio dentro de você e vejo um amor por mim, adormecido. E tento, de mil formas despertá-lo, com meus versos, meus gestos, meus olhares, minhas palavras, meus atos, mas não consigo alcançá-lo. Como pode ser tão difícil achar uma brecha nesse teu intransponível coração? Tens que ter um ponto fraco, todos tem.

Sei que ninguém ocupa o lugar em ti que me pertence. Sei disso, sem ninguém ter me dito. Sei disso, pois é nisso que quer acreditar, tenho fé nisso. Se tu és minha outra metade, o pedaço que me falta, como se encaixaria num outro corpo que não o meu? E, se de fato isso se conseguisse realizar, ficarei eu eternamente incompleto? Incompleto estou sem ti. E essa é a verdade. Mesmo depois de ter preenchido o grande vazio que tinha em mim, ainda falta um pedaço aqui dentro, e cabe a você preenchê-lo.

Cabe a você preencher com alegria o que me foi tirado com tristeza. Cabe a você preencher com sonhos o que me foi tirado com angústias. Depende de você todo o meu anseio de plenitude. Depende de você. Como sempre.

William Guilherme Sampaio [7/8/08 21h52]

William G Gardel
Enviado por William G Gardel em 16/05/2009
Código do texto: T1598269
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