O MAR E SUAS MARCAS

Caminhando na beira d’ água, como do costume, cantando orações, visito Deus como digo, ou faço Deus visitar-me.

Dessa vez, olhava o céu e o mar que estendido ali ao lado como colcha macia, dando vontade de o alisar e sentir,mas não podia, precisava manter-me reta e no compasso regular, pois assim é a maneira certa de caminhar .Não o faço por brincar de caminhar, mas para usufruir desse bem, que é caminhar cedo e na areia molhada.

Assim...Só olhava, olhava e olhava...E o horizonte enorme ali à frente, entra em você e nos transporta até lá, por isso que visito Deus. Na realidade é o quintal d’Ele.

Nessa caminhada, dei com as marcas que as ondas, quando se esparramam na areia deixam em seqüência e vão perdendo a intensidade no seu tom e quanto mais longe ficavam as marcas iam perdendo o domínio da presença da água.

Quem dominava eram marcas de pés de humanos e aves, que passaram ali depois do mar descer com a maré baixa e seus donos também como o mar, não estavam mais lá.

Deparei com um pensamento, que levou-me a chorar, baixinho e nos olhos, porque a boca cantava uma oração, que por sinal nunca mais lembro como era.Vem da alma que a leva.Não repito palavras, isso é rezar, eu falo, converso com Deus, elas saem sem pensar.

Fiz um paralelo entre Deus e o mar, entre a areia e o homem.

Quanto mais nos afastamos de Deus, mais secamos e nos tornamos piso seco e propício para

marcas de terceiros em nossas vidas.

Mas quando nos acercamos de Deus e dos seus mandamentos, mandados e escolhas somos terra

irrigada, propícia à boa colheita, mar fértil de grandes cardumes, águas limpas para

mergulhos até então impossíveis.

Denise Figueiredo