UMA LUZ NA ESCURIDÃO
Metáfora
Certa vez uma grande escuridão caiu sobre uma cidade, obstruindo toda a luz e impedindo que as pessoas pudessem ver o que quer que fosse. Completamente cegos, as pessoas começaram a tropeçar umas nas outras, ferindo-se mutuamente. Sem poder guiar-se pela visão, as pessoas apelaram para os outros sentidos. Moviam-se segundo os sons que ouviam, os aromas que inalavam, e escolhiam segundo o tato e paladar.
Sem poder ver o que tocavam e o que provavam, e sem poder identificar o que ouviam, começaram a provar de tudo, a pegar em todas as coisas que lhes caiam nas mãos, a repetir todos os sons que lhes chegavam aos ouvidos. O caos se instalou na cidade. As pessoas pegavam coisas que não eram delas, ingeriam alimentos que não lhes eram saudáveis, respondiam a todos os sons que ouviam provocando na cidade um alarido ininteligível e ensurdecedor. Logo começaram a se agredir umas às outras, pois onde quer que pretendessem ir sempre esbarravam em alguém, sempre havia alguém obstruindo o caminho.
Foi então, que em meio à multidão ensandecida, alguém resolveu riscar um fósforo. Uma pequena luz clareou um ponto na imensidão sombria. Alguém aproveitou a pequena claridade e conseguiu acender uma vela. E logo, outra pessoa que estava dentro do círculo daquela luz tirou a camisa, enrolou-a em um pedaço de pau e fez uma tocha. Logo, centenas de tochas, fósforos, archotes e fogueiras brilharam em meio à impenetrável escuridão.
As pessoas olharam umas para as outras e reconheceram seus parentes, vizinhos e amigos. Mãos foram apertadas, abraços foram dados, e todos começaram a cantar e a dançar. A escuridão foi vencida e a paz voltou à reinar naquela cidade.