Subindo escadas
Aí, do nada, eu me ferro e levo toda a minha psiquê pro fundo do poço. E me mantenho lá, fingindo que quero sair, mas sem mover um músculo pra voltar. Porque o mundo é chato comigo, é impaciente comigo, é ileal comigo e é uma bosta comigo. E eu fico por lá mesmo, sentindo pena de ser o que sou e como sou.
Aí eu leio pessoas. Leio em blogs, fóruns, messengers e etc. Gente que passou por péssimos momentos e nem por isso desistiu de viver. Gente que superou com garra uma tonelada de acontecimentos ruins em que qualquer covarde tiraria a própria vida, por ter medo de enfrentar. E não sinto pena delas. Sinto orgulho por ser amiga delas. E isso me dá força.
Aí o poço some e eu me dou conta de que só fiquei presa dentro de mim mesmo, por puro egoísmo. Pura vontade de me isolar. E entendo o quanto fazer isso é idiota. Fugir não soluciona problema nenhum. É tolice. Tirar um tempo pra refletir é uma coisa, se trancafiar na própria mente e jogar a chave longe é outra. E isso me faz acordar.
Aí acontece o revertério, de súbito. Me levanto e dou um passo acima. Acima mesmo. Porque andar só pra frente não te faz subir escadas, mas pode te fazer cair. Não há mais poço, não há mais fundo. Só há o que você quiser imaginar que há. E isso é verdade.
Não imagine o que você não quer que se torne realidade. O risco disso ficar na sua mente martelando e martelando indefinidamente é grande. Não reclame da sua falta de sorte ou excesso de azar. Só o fato de estar vivo e respirando é uma vantagem nesse mundo de guerras. Principalmente, não abuse do direito de falar. Ele vem com o dever de não se fingir de surdo embutido.