SUICIDA
Não era herói de nada. Não salvou ninguém, tão pouco insinuou querer. Passava de trago em trago, seus dias nublados de pó. Achava-se pecador, destes que tem que fazer novena, acender vela de sete dias, bater cabeça pra Xangô. Queria qualquer coisa pra livrar-se da culpa de não ser ninguém.
Era tal impregnação de sofreres que nem ouvia a voz do outro lado...
- Você é tudo pra mim...
E desligava o telefone, sem dar conta do amor que despertava.
Decidiu! Seu grande ato heróico seria um tiro na fronte, as 4 da manhã, de um dia sem sol. Dia em que receberia seu primeiro beijo.