Brisinha 3

Quando eu começarei a compreender as palavras expressadas por teus olhos? É difícil adivinhar pensamentos... Ainda mais os teus, tão ocultos e enrolados nessas camadas de sentimentos ruins... Quando você vai ter ousadia suficiente para me olhar nos olhos e deixar sua boca jogar pra fora tudo o que você sente? (Em forma de palavras ou beijos...) Sei que já deixei de falar muitas coisas e que, às vezes, falo coisas sem nexo, evitando o silêncio; mas a verdade é que não deixo o silêncio prevalecer, pois tenho medo de deixá-lo falar coisas que não estou pronto a admitir, por agora...

É difícil olhar pra você, com esse semblante angustiado, temeroso e não poder fazer nada para aliviar a sua dor. Minhas piadas sem graça, meus gracejos tediosos... Nada poderia te satisfazer, eu acho. À não ser aquelas palavras que eu não tenho coragem de falar, sequer por carta... Será mesmo que você deseja ouvi-las?

Mas não pense que é fácil para mim... Ver você sorrindo para um, ou para outro... Ver você amando um ou outro, se apaixonando por pessoas erradas, estranhas... Eu sei que falo demais, mas é difícil reter tantas coisas dentro de meu peito; essas palavras não representam nem um terço o que eu sinto, eu acho... Não é fácil ver você virar o porta-retrato com minha foto para baixo. Dói. Coisas insignificantes que machucam. Pequenos atos que me torturam. Quando você vai parar de me torturar e falar logo de uma vez? Dor; faça a dor parar...

Seus olhares me falaram tanto, hoje. E pensar que não pude interpretar sequer uma sentença completa. Posso ter interpretado muitas coisas erroneamente, por isso não dou respostas positivas... Perdoe-me (quantas vezes já não repeti isso?); me perdoe por não compreender ainda. Dê-me mais um tempo. Seja mais direta. Dê-me uma chance que dure mais do que o intervalo de um olhar. Então seremos felizes no breve momento do pra sempre. Digo breve, pois todo o tempo do mundo não seria mais que poucos segundos, para mim, junto com você. Ah, um dia nossos olhares se entenderão. Será bonito. Palavras serão desnecessárias, mas as pronunciaremos mesmo assim, pela beleza das poesias. E, quando o silêncio fizer questão de prevalecer, não reinará entre nós o constrangimento, e sim o entendimento, o encantamento...

Ah, não seria bonito, querida? Se a vida não fosse tão esdrúxula, nos entenderíamos mais facilmente. Ah, não seria maravilhoso, meu bem? Se as flores florescessem no inverno? Se o sentimento brotasse até no mais gélido dos corações? Talvez você se sentisse mais à vontade para se expressar.

Apesar de tudo, eu não te imagino de outra forma, sabe? Gosto de você, com todos os trejeitos, defeitos, devaneios, com todas as manhas. Acaso é isso que denominam amor? Porque, se for, eu te amo.

William Guilherme Sampaio [22/3/08]

William G Gardel
Enviado por William G Gardel em 06/05/2009
Código do texto: T1579453
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