ANDRE BRETON: SOBRE UM FRAGMENTO DO SEGUNDO MANIFESTO SURRERALISTA
Embora não deva ser interpretada ao pé da letra, mas como uma metáfora que muito bem traduz o “espírito” do movimento surrealista, esta singular passagem do Segundo Manifesto Surrealista de Andre Breton ainda inspira uma estética da liberdade..., a desconstrução radical de nosso mundo socialmente vivido. É surpreendente o quanto os “velhos escândalos surrealistas” ainda chocam e escandalizam em nosso mundo contemporâneo... A verdade é que o movimento surrealista, em que pese à assimilação de sua linguagem estética, ainda nos desafia...
“O mais simples ato surrealista consiste em ir para a rua, empunhando revolveres, e atirar ao acaso, até não poder mais , na multidão. Quem não teve, ao menos uma vez, vontade de assim acabar com o sisteminha de aviltramento e cretinização em vigor, tem seu lugar marcado nessa multidão, barriga à altura do cano da arma. A legitimação de um tal ato, a meu ver, não é de modo nenhum incompatível com a crença nesse clarão que o surrealismo busca revelar no fundo de nós. Quis somente incluir aqui o desespero humano, aquém do qual nada poderia justificar essa crença.”
André Breton in Segundo Manifesto do Surrealismo ( 1930)