Desinformação e diversão.

Ninguém entende minha loucura

Não entendo a normalidade.

Raios que caem pára-choques

Vidros transparentes numa casa de metal.

Induziram minha cura,

Então me disseram receitas

E tudo ficou escuro,

Escuro.

Neste quarto vazio,

vazio.

Sem nem a mim.

Eu era você ontem.

Eu sabia quais eram os contratos

Que se eu arrotasse na sua mesa,

E deixasse cair a sobremesa,

Que se a cara fosse mal lavada,

E a roupa não estivesse combinando,

Nem os discos que estão fazendo sucesso.

Nessa rádio que novela,

Que tragédia mal escrita.

O vilão é tão mocinho,

Quanto a puta recatada,

Nos comerciais de cerveja.

Revolucionários sistemáticos,

Previstos, enquadrados,

Classificados.

Reacionários, moleques.

“É coisa da idade”,

“É, depois passa”,

“Esse menino tem muito que aprender”

Mordaça letal,

Desinformação e diversão.

Fogo no cu do outro é lareira

Aquece as noites de mendigos burgueses.

Água limpinha em casa, uma beleza.

Banho quente, cinema aos domingos,

Conforto e glamour.

Capa de revista

Quase um pop-star!

Digno cidadão modelo.

“Se viu, ele faz caridade”,

“Gente fina é outra coisa, se preocupa com os outros”.

Quá quá quá

Ações premeditadas,

Assessores de bons comportamentos.

Capeta virou santo,

Demônio é o próprio Deus.

Nesta terra de ninguém,

Onde força e ignorância

Predominam e determinam.

Quem nasce com a bunda virada pra lua,

Caga na cabeça de quem nasceu com a cara.