Descoberta
Cala-se a noite em súplica
Ventos cantantes trazem a chuva,
essa água consagrada que cai do céu
e benze a terra em sede.
Descolo meus olhos do livro e os ancoro
no denso riscado oblíquo no espaço.
Entrevejo nas árvores o brilho da esperança
na luz solitária do outro lado da rua.
Consolo-me contemplando essa desejosa benzedura
e ela me navega nesse mar de pensamentos errantes.
Cerro meus olhos e respiro fundo o seu cheiro molhado,
o que me conforta a mente
e relaxa esse meu corpo malandro.
...Parece que o vinho que degusto, o livro que leio, a música que ouço
e a chuva que me chove esta noite me bastam.
Estou só, mas sinto-me pleno
e essa descoberta francamente me espanta.