Quem disse que temos que atender o telefone?

Aquela segunda feira seria mais um dia normal, sem grandes expectativas. Mas isso se nada tivesse acontecido.

Eram 17H e o telefone dela tocou; o número no visor era conhecido; era o número dele. Ela não sabe se deve atender. Até que o telefone para. Ela se faz de durona, fingindo que nem queria atender; chegou até a me dizer que aquela ligação não significava nada. Mas ele ligou novamente e, dessa vez, ela atendeu, com um sorriso de orelha a orelha que tentava não transparecer na sua voz. Diz um "alô" desconfiado, um alô que você diria à um número que não conheçe, sabe?! Ao ouvir a voz dele ela paraceu ter arrepios pelo corpo todo.Tirou o telefone do ouvido por um instante e me perguntou: Meu Deus, que "poder" é esse que ele tem? Acho que disse entre aspas, por ser um poder fictício. A conversa se desenvolveu solta. Ele pergunta ela responde; Ela pergunta ele responde. O tempo todo ela manteve a voz calma e serena, pra que ele não percebesse o quão radiante estava com esse telefonema. Até que ele diz aquelas 3 palavras que abalam o mundo que qualquer pessoa dotata do mínimo de sentimento humano: EU TE AMO. A resposta custa a sair. Se não me engano ficaram segundos, que pareceram horas, em silêncio. Aquele silêncio onde um pode ouvir o pensamento do outro. Ela deve ter pensado "ele me ama?!" e ele " acho que fiz merda!". O coração dela batia forte; eu podia ver em seu rosto, que ia ficando cada vez mais vermelho, aquela veia pulsando. E, contrariando todos seus instintos ela não responde um emocionado "eu também". Até arregalei os olhos com a resposta seca que ela deu. Conversa vai, conversa vem... Quando ela desligou o telefone, olhou pra mim com um sorisso lindo nos lábios e uma lágrima solitária nos olhos. É visivel o "poder" que ele tem sobre ela; é uma coisa que está no inconsciente dela já. Mas só tenho certeza de uma coisa: ela é uma completa idiota que se impressiona com um "eu te amo". Você diz eu te amo pra um prato de macarrão se estiver morto de fome. Panaca... Tanto ela como ele. Talvez sejam um o destino do outro. Serão um casal de panacas.

Gabriela Mendes
Enviado por Gabriela Mendes em 25/04/2009
Reeditado em 08/03/2010
Código do texto: T1559957
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