Uma segunda-feira diferente
Ao acordar, notei que tudo estava diferente. As coisas não haviam saído do lugar, os móveis, a cama em que há anos durmo, as paredes. Embora nada tivesse mudado, aquela segunda-feira era diferente dos dias anteriores. Nada se modificara, e foi por isso mesmo, por me dar conta pela primeira vez de que nada nunca iria mudar, é que aquela segunda-feira era um dia diferente dos outros. Até então, cada dia da semana era, para mim, a promessa de que o dia seguinte seria melhor. Talvez a tranquilidade da alma, isso que chamam amor ou a plenitude no prazer pudessem um dia vir ao meu encontro. Mas nada, nunca! Esse “nunca”, só hoje posso dizê-lo com toda a firmeza. Semelhante certeza que esse dia me trouxe fez dele um dia diferente na mesmidade de tudo o que já se foi e do que ainda está por vir.