REFLEXÕES DA MEIA VIDA DE UM HOMEM DE MEIA IDADE

A mulher que eu amo duvidou de minha mascunilidade, como se depois de conhecer as sensações mais incríveis de minha vida eu tivesse surtado ao ponto de me interessar por homens.

Meu filho acha que eu gosto mais da minha filha, e não importa se eu acho o contrário. Ontem eu disse à ele: "Você gosta mais de um braço seu do que do outro?. Ele respondeu que não. Aí eu disse: Então, eu amo vocês dois da mesma maneira, só que a Stephanie requer uma atenção maior, assim como você um dia também mereceu uma atenção maior."

No trabalho, tenho que brigar comigo mesmo pra mudar radicalmente minha forma de ser em certas situações. De qualquer maneira não posso esquecer que melhorei bastante esse ano, mas não posso ficar parado.

A solidão é uma companheira insuportável.

Tenho vontade de falar o dia inteiro com você. Ouvir sua voz é música para meus ouvidos.

Tenho vontade de ver você todos os dias. Olhar você alivia minha alma, mesmo sendo uma tortura não poder tocar você como eu gostaria.

Sinto falta de fazer amor com você sim, mas sinto falta também do friozinho na barriga enquanto espero você chegar, das sensações que tomam conta do meu corpo à partir do momento que saio de casa; sinto falta do nosso momento quando chegamos no motel, tudo vira o nosso mundo, somos só nós dois. Abraçados, um em cima do outro, de lado, eu atraz de você, nos tornamos um só.

Ver você ontem olhando as fotos de sua mãe e de seus filhos foi algo fabuloso; o brilho nos seus olhos é indiscritível.

Fiquei pensando nas coisas que você me falou ontem.

Você diz com tanta naturalidade que eu posso encontrar o que achei em você noutro relacionamento (apesar que algumas vezes acho que isso é da boca pra fora), que fico pensando como você reagiria se eu dissesse que conheci alguém e estou namorando outra mulher. Alegria, alívio, leveza?

Hoje eu fui deitar às 5 horas da manhã. Quando peguei no sono já era de levantar.

Enquanto a água quente tentava em vão relaxar o meu corpo, o silêncio do meu barraco fez eu ver o que realmente eu sou.

Um homem que já viveu mais da metade de sua vida, que não tem um lugar seguro pra morar, que sobrevive sem amor, e não tem ninguém ao seu lado pra conversar, contar como foi o dia ou falar sobre uma bobagem maior. Sou um pai pífio e um profissional medíocre. Fui um marido ridículo e um amante que não foi capaz de manter um relacionamento com a única mulher que ele amou de verdade em toda a sua vida.

Quem pode querer alguém como eu?

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 23/04/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1555006
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